Como um erro de tradução de uma única palavra suscitou em anos de mitos sobre vida inteligente no planeta vermelho? A Raposinha explica!
Observar o grandioso planeta vermelho nunca foi tão fácil como é hoje, com satélites e observatórios de ponta. Contudo, no século 19 não era tão fácil. Em 1877, o astrônomo italiano Giovanni Schiaparelli foi o primeiro a descrever, nomear e ilustrar linhas retas misteriosas ao longo de suas regiões equatoriais, que ele chamou (provavelmente gesticulando com as mãos) de canali. Ele observou que existem áreas que parecem mais escuras ou mais claras (chamadas de Formações de Albedo) e, para um observador entusiasmado, era fácil especular continentes, oceanos ou até mesmo canais de água lineares.
Entretanto, porque não estamos armando nossos barraquinhos em meio ao deserto vermelho de Marte? Pois as coisas não se provaram ser como nossa imaginação sugere.
Acontece que canali em italiano, significa “channel” em inglês (canal ou curso de água, de origem natural) e foi traduzido incorretamente para a palavra em inglês “canal” (que significa um curso de água não natural). Ou seja, foi atribuída uma obra inteligente e de intervenção de vida inteligente a algo (provavelmente) 100% natural. “Canal”, de fato, foi usado nas primeiras narrativas inglesas, e Schiaparelli não fez nenhum movimento para corrigir o mal-entendido (isso se ele sabia, claro).
Por conta deste erro de tradução, o imaginário mundial sobre Marte foi influenciado por décadas e décadas. A parte boa desse erro foram as grandes obras que o imaginário coletivo suscitou como, por exemplo, o livro “Crônicas Marcianas” do autor Ray Bradbury (o mesmo do clássico “Fahrenheit 451”) que traz situações cotidianas cheias de humor e suspense para o planeta vermelho. Sem contar a confusão épica que é o livro e o filme John Carter. Talvez lá, nas águas dos canais marcianos, podemos nadar livremente e livres da tal Covid-19, não é mesmo?
Quais obras da cultura pop com vida inteligente em Marte você mais gosta? Comente logo abaixo para a sua Raposinha favorita!
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Imagem: Freepik